Como assinala Bello (2008), historicamente, a educação começou a ser vista como uma prática pedagógica a partir das ideias de Rousseau (1712-1778), que propôs ter a criança uma personalidade própria, repleta de peculiaridades pertinentes a esta fase tão importante no ciclo da vida, não sendo um "adulto em miniatura", pois precisamente por volta do período feudal, a criança era vista e pensada desta forma, como alguém que já possuía dentro de si todos os saberes necessários para atingir ao longo do seu crescimento, o desenvolvimento, de modo especial, o cognitivo, o que podia ser percebido até mesmo, pelas vestimentas feitas para que a criança ficasse idêntica ao adulto, por isso, não havia quem pensasse na sua subjetividade ou quem se preocupasse em encontrar a melhor forma de educar essa criança. A criança exercia um papel produtivo direto na sociedade (AROSA; SCHILKE, 2007, p. 34).
De acordo com Cambi (1999):
A educação da criança era depois confiada à oficina e ao aprendizado ou à Igreja e às suas práticas de vida religiosa: a primeira ensinava uma técnica e um ofício, a segunda, uma visão do mundo e um código moral.[…]; as condições de vida da infância são sempre duríssimas, marcadas pela escassez de bens, por violências e marginalização(CAMBI, 1999, p.177).
A partir de Rousseau, outros teóricos começaram a procurar e criar caminhos para a educação:
· Pestallozzi (1746-1827)- percebeu que a função da educação não era atender ao indivíduo, mas ao povo, atrelando todas as etapas do processo educativo ao desenvolvimento natural da criança, partindo do nível mais simples para o mais complexo, aproveitando-se dos conhecimentos prévios que este indivíduo já traz consigo, acrescentando a estes, outros (ARCE, 2002, p 161). Para ele, a criança deveria aprender fazendo;
· Froebel (1782-1852)- criou o termo kindergarden (jardim de infância), pois para ele, a criança é uma semente a ser cultivada (ARCE, 2002, p 147) e a proposta de educar por jogos e brincadeiras, para que a criança aprendesse seguindo um nível de conhecimentos que vai do simples ao complexo, do concreto ao abstrato, exteriorizando o seu interior (ARCE, 2002, p 150);
· Dewey (1859-1952)- propôs a pedagogia ativa ou o "ensino pela ação", permitindo o surgimento do que viria a ser chamado de "Educação Nova";
· Claparede (1873-1940)- achou que educação, mais do que "ativa", deveria ser "funcional" e criou os "grupos móveis";
· Decroly (1871-1932)- a partir dos conceitos da escola funcional, criou os "centros de interesse";
· Montessori (1870-1952)- na Casa dei Bambini, propôs a didática através de materiais concretos e uma Pedagogia Científica;
· Freinet (1896-1966)- propôs a aprendizagem através da imprensa escolar, aula passeio, correspondência intra e extra-escolar, entre outras;
· Piaget (1896-1980)- embasou a sua teoria epistemológica (estudo do conhecimento) no método científico, através da observação direta e da experimentação
· Henri Wallon (1879-1962)- com a teoria da emoção, priorizando o desenvolvimento da pessoa completa, integrada ao meio em que está inserida, predominantemente o social, com seus aspectos afetivo, cognitivo e motor. Para Wallon, a criança atua primeiro não no mundo, mas no ambiente humano. A mobilização do outro se dá pela emoção.
As atividades naturais e espontâneas da criança são seus primeiros recursos de interação com o mundo, portanto seus primeiros recursos de aprendizagem.
Posteriormente, o meio social vai exigir outras aprendizagens, a aquisição de outros recursos para responder às exigências da cultura, que serão mais bem-sucedidas se respeitarem as características motoras, afetivas e cognitivas naturais da criança (MAHONEY; ALMEIDA, 2004, p 19);
· Paulo Freire (1921-1997)- nos mostrou que toda educação é um "ato político".
A partir desses estudos, houve a necessidade de repensar as práticas educacionais, o papel do professor, da família, enfim, da sociedade, bem como os locais de realização desta aprendizagem.
Nesse contexto, de acordo com Freire (1996), surge um novo modelo de educador, como um ser crítico-reflexivo, que ensina ao aprender e aprende ao ensinar, trocando experiências com seu educando, aprendendo que não é o detentor do conhecimento, mas sim, um mediador do mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário